quarta-feira, 13 de junho de 2012

Luminárias



Nalgumas sociedades contemporâneas aparecem, de vez em quando, homens que se presumem possuidores de uma inteligência e sabedoria tais que não conseguindo viver sob o seu peso esmagador se sentem compelidos a, sem que ninguém lho solicite, distribuir parte dessa luz esplendorosa para ao incidir sobre o povo anónimo configure uma tentativa de o arrancar das profundas trevas da ignorância em que anda mergulhado.

Normalmente têm um tendência para se considerarem faróis, tal a intensidade da luz que, a eles próprios, os cega, mas, no nosso caso português ainda nenhum conseguiu tal estatuto não passando, quando muito, da luz esfumada e mortiça de um candeeiro de filme a ‘preto e branco’.
Portugal tem a enorme felicidade de ter vários ‘candeeiros’ destes a tentarem rasgar a densa escuridão em que se encontra e por onde tropeça na busca anelante de quem o salve.

Assumem-se em vários personagens:

Bento, Anselmo, Mário, Manuel, Otelo, Januário, umas vezes Domingues, outras Borges, de vez em quando Soares, nem sempre Alegre, ou simplesmente Saraiva ou, ainda, prosaica e poeticamente Torgal.

Mas, na verdade, personificam um único:

Alguém cuja vaidade, auto-convencimento e pesporrência o impede de ser uma pessoa ‘normal’ e proceder como tal, isto é, com coerência, pudor, respeito pelos outros, contenção e, já agora, com, pelo menos um poucochinho, de humildade pessoal.

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